"Retiraremos do discurso em que, a 15 de março de 1844, Lord Ashley apresentou a sua moção sobre a jornada de 10 horas Ă Câmara dos Comuns alguns dados que nĂŁo foram refutados pelos industriais sobre a idade dos operários e a proporção de homens e mulheres. (...) Sobretudo o trabalho das mulheres desagrega completamente a famĂlia; porque, quando a mulher passa cotidianamente 12 ou 13 horas na fábrica e o homem tambĂ©m trabalha aĂ ou em outro emprego, o que acontece Ă s crianças? Crescem, entregues a si prĂłprias como a erva daninha, entregam-nas para serem guardadas fora (...), e podemos imaginar como sĂŁo tratadas. É por essa razĂŁo que se multiplicam de uma maneira alarmante, nos distritos industriais, os acidentes de que as crianças sĂŁo vĂtimas por falta de vigilância. (...) As mulheres voltam Ă fábrica muitas vezes trĂŞs ou quatro dias apĂłs o parto, deixando, bem entendido, o recĂ©m-nascido em casa. (...)".
ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Global, 1986. p. 170-171.
Os dados apresentados por Engels, no texto escrito em 1845, referem-se a alguns dos efeitos da Revolução Industrial na Inglaterra. Com base nessas informações, conclui-se que, ao longo do século XIX, a incorporação da mulher ao mercado de trabalho:
a) Causou um aumento sensĂvel nos Ăndices de mortalidade infantil, como consequĂŞncia da irresponsabilidade das mĂŁes operárias.
b) Produziu o aumento de separações, pois as mulheres passaram a assumir o papel de chefes de famĂlia, antes restrito aos homens.
c) Contribuiu para o aumento da criminalidade, devido ao surgimento de gerações de crianças criadas por terceiros e carentes de cuidados maternos.
d) Resultou, principalmente, da necessidade de complementar a renda familiar, diante do crescente custo de vida na cidade industrial.